Pacientes com deficiência de vitamina D tiveram 14 vezes mais chances de ter caso crítico de Covid. Especialistas fazem ressalvas sobre estudo e alertam que suplementação não é necessária.
Por Roberto Peixoto, g1
4 Atualizado há 2 horas
Peixes gordurosos e derivados do leite estão entre as principais fontes de vitamina D na alimentação — até agora, não há evidências científicas de que suplementação com a vitamina ajude no combate à Covid-19 — Foto: Getty Images via BBC
Pacientes que testaram positivo para Covid-19 e que tinham um quadro histórico de deficiência de vitamina D tiveram 14 vezes mais chances de ter um caso grave ou crítico da doença do que aqueles com níveis normais do nutriente, segundo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Bar-Ilan e do Galilee Medical Center, publicado na última semana pela revista científica PloS ONE (Public Library of Science).
O trabalho é um dos primeiros do tipo a analisar os níveis de vitamina D presentes no sangue antes da infecção com o SARS-CoV-2.
Apesar desse ineditismo, especialistas (que não tiveram ligação com a pesquisa) ouvidos pelo g1 ressaltam que são vários os fatores que influenciam um caso grave de Covid e que, embora a vitamina D desempenhe uma importante função no sistema imunológico, ainda não é possível estabelecer uma relação de causa e efeito entre níveis baixos do hormônio e um pior curso da doença. Entenda mais abaixo.
O papel da vitamina D na defesa do organismo
Desde o início da pandemia, há um debate na comunidade científica sobre a relação entre a vitamina D e um potencial tratamento contra a Covid-19, algo que não tem comprovação até o momento. Mensagens falsas divulgadas nas redes sociais associavam até mesmo que altos níveis do composto no organismo poderiam reduzir a quase zero a chance de morte pela Covid.
O estudo publicado na última quinta-feira (3), revisado por pares, não faz nenhuma associação do tipo nem recomenda uma hipervitaminose (que pode, inclusive, causar cálculos renais) com a ingestão de suplementos vitamínicos. Pelo contrário.
O que os pesquisadores sugeriram é que “o histórico de deficiência de vitamina D de um paciente é um fator de risco preditivo (antecipado) associado a um pior curso clínico da doença e à mortalidade”.
A médica explica que existem receptores para a vitamina D no corpo todo e que, por isso, o hormônio apresenta uma ação potencial em vários tecidos do organismo.
A vitamina atua principalmente na saúde dos ossos, pois promove a absorção de minerais, como o cálcio e fósforo. No sistema imunológico, a vitamina D também tem o papel de regular as chamadas citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias, proteínas que atuam na resposta imune, melhorando a defesa do organismo.
G1