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Variantes do coronavírus põem mundo em alerta

Avanço da imunização no Brasil leva mortes e contágios à queda. Entretanto, ritmo lento na vacinação e avanço de cepa mais agressiva acendem alerta

Por Gabriel Valery, da RBA

Surto de covid-19, em ritmo de queda no Brasil, ameaça com variante mais contagiosa. Europa vê infectados subir e Ásia impõe medidas de isolamento

São Paulo – Com o registro de mais 745 mortes pela covid-19 no Brasil, nas últimas 24 horas, o total de vidas perdidas para o coronavírus desde o início da pandemia, em março de 2020, chegou a 534.223. Em relação ao número de novos infectados, os 17.031 registrados no último período levam a 19.106.971 os casos de covid-19 acumulados no país. Os números às segundas-feiras tendem a ser inferiores à realidade, devido a um represamento nos dados que acontece em finais de semana. O Brasil já aplicou duas doses de vacinas em apenas 15% da população, o que torna a situação ainda preocupante, apesar da aparente queda nos números negativos.

Embora exista a subnotificação, o surto de covid-19 encontra-se em declínio no país. Os números ainda são elevados e o Brasil segue como epicentro mundial do vírus, com maior média de mortes diárias. Verificada em intervalos de sete dias, esta média está no menor nível desde o dia 2 de março (1.303). Já a média dos casos diários, também em queda, é de 44.923, menor índice desde o dia 16 de fevereiro, quando a chamada “segunda onda” de contágios iniciava sua escalada para o pior momento da pandemia, registrado nas duas primeiras semanas de abril.

Vacina salva

Especialistas apontam que a redução de casos e mortes pelo coronavírus possui relação com o avanço da vacinação. Mesmo com lentidão e impactada pela má gestão do governo federal, a imunização aponta para sucesso na preservação de vidas. Segundo estudo da Universidade Federal de Pelotas, levando-se em conta faixa etária acima dos 60 anos, pelo menos, 63 mil vidas já foram salvas no país. Outro indicador aponta que a taxa de mortalidade do vírus cai de 2,8% para 0,02% com a imunização completa com duas doses.

Os dados mais recentes da vacinação no país apontam para cerca de 115 milhões de doses administradas. Em porcentagem, significa que 43,16% dos brasileiros receberam ao menos uma dose de imunizante e 15,19% estão cobertos por duas doses. Mesmo com indicadores positivos no sentido do controle da pandemia, o país está longe disso. A cobertura vacinal para o alcance de uma imunidade coletiva deve ser acima de 75%. Novas cepas, ou variantes, virais, também podem retardar o fim da pandemia.

Perigos

Países europeus com a imunização avançada vivem a insegurança do aumento de casos. A variante delta do coronavírus afeta a eficácia das primeiras doses das vacinas e é de 50% a 70% mais transmissível. Contudo, estudos indicam que as duas doses seguem eficazes no combate ao vírus. Mas também dificultam o avanço do vírus o fim de medidas de isolamento social e os eventos de massa, como a realização da Eurocopa com público nos estádios. Na Ásia, com porcentagens menores da população vacinada, a prevalência da nova cepa, identificada pela primeira vez na Índia, levou países como Japão e Tailândia a emitirem decretos de quarentena e medidas intensivas de isolamento social.

No Brasil, a variante indiana já foi identificada e, possivelmente, existe transmissão comunitária. Entretanto, prevalece ainda outra cepa, chamada de gamma, ou P1, identificada pela primeira vez no Japão. Ainda que menos contagiosa, a variante possui força e epidemiologistas apontam que ela pode se manter como dominante por mais alguns meses.

‘Cepa América’

Também existem riscos no Brasil, agora com a chegada da variante lambda. Identificada inicialmente em países andinos, ainda existem poucos estudos sobre a mutação que chegou ao país durante a Copa América. Entretanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) está atenta aos riscos. Após desencorajar a realização do torneio no país, a OMS reafirmou a necessidade de medidas de isolamento social no país.

O biólogo e divulgador científico Atila Iamarino reforça que a situação está longe do controle desejado, e que os brasileiros ainda correm riscos. Ele ressalta que a predominância da variante delta na Europa e não no Brasil também tem ralação com deslocamentos. “Recebemos bem menos pessoas de fora. Agora temos lambda e delta chegando, que são mais transmissíveis que a P.1 (gamma) e novas versões da P.1 com mais mutações dominando no Amazonas”.

Rede Brasil Atual

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