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Trabalhadores de Uber e iFood concordam que falta proteção social, mas querem flexibilidade, diz pesquisa

Apps são única fonte de renda para 50%. Datafolha aponta que sete em cada dez motoristas e entregadores concordariam em contribuir com a Previdência se as plataformas automatizassem a adesão

Por Bruno Rosa — Rio de Janeiro

Metade dos motoristas do Uber no Brasil usa os aplicativos como sua única fonte de renda

Metade dos motoristas do Uber no Brasil usa os aplicativos como sua única fonte de renda Arquivo

Metade dos motoristas do Uber e entregadores do iFood no Brasil usa os aplicativos como sua única fonte de renda. As plataformas representam ainda ganho mensal fundamental para até 79% desses trabalhadores. Mas, apesar de não quererem abrir mão da flexibilidade, admitem a importância de mais proteção social e direitos trabalhistas.

Os dados fazem parte do estudo “Futuro do Trabalho por Aplicativo”, elaborado pelo Instituto Datafolha para Uber e iFood. O levantamento ouviu aleatoriamente 2.800 motoristas e entregadores parceiros das duas plataformas digitais entre os meses de janeiro e março deste ano em todo o país.

A pesquisa acontece em um momento em que o governo está criando um grupo de trabalho para elaborar propostas para a regulamentação do trabalho por aplicativos. O grupo será composto por membros de nove ministérios, seis sindicatos de trabalhadores e cinco representantes dos empregadores. No início de março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou com entidades sindicais e fez duras críticas a empresas de aplicativo.

Em meio às discussões sobre regulamentação, a pesquisa feita pelo Datafolha revela que 75% dos trabalhadores preferem manter o atual modelo de trabalho a uma eventual contratação em regime das Consolidações da Lei do Trabalho (CLT) que impossibilite a autonomia que têm hoje, quando podem, por exemplo, definir horários e recusar viagens.

Por outro lado, o estudo revela que 89% dos entrevistados concordam que é preciso garantir mais proteção social e direitos trabalhistas, como a própria previdência, desde que não haja interferência na flexibilidade.

Múltiplas plataformas

Além disso, 89% dos entrevistados querem ainda continuar a atuar em múltiplas plataformas ao mesmo tempo. O principal rival do Uber é o 99. No caso do iFood, há uma série de iniciativas de restaurantes e Rappi, por exemplo.

— O trabalho intermediado por aplicativos é uma realidade para 1,7 milhão de motoristas e entregadores no Brasil, que encontraram uma alternativa para gerar renda, de maneira até concomitante, com flexibilidade para transitar entre ofícios. Os dados são um ponto de partida para que a gente possa entender o novo perfil de trabalho e discutir melhorias efetivas — explica Debora Gershon, executiva responsável pelas Relações Acadêmicas do iFood.

Quando perguntados sobre direitos e benefícios, sete em cada dez motoristas e entregadores concordariam em contribuir com a previdência caso as plataformas automatizem o processo por meio da tecnologia. Os outros 30% dos trabalhadores já contribuem com a previdência social por meio de outras ocupações de trabalho e apenas 25% dizem realizar a contribuição como profissional autônomo, em modelos como o MEI (Microempreendedor Individual), por exemplo.

— As preferências desses trabalhadores, indicadas no estudo, apontam para a importância da construção de uma política pública que garanta mais proteção sem prejudicar a liberdade e a geração de renda de milhões de pessoas — afirma Rafael Alloni, gerente de Relações Governamentais da Uber.

Autonomia

Além da renda, o estudo revela que a maioria dos entrevistados ressalta a flexibilidade e autonomia (85%) das plataformas, além da chance de trabalhar sem a supervisão de um chefe ou gerente (73%).

A modalidade de trabalho intermitente também foi investigada pelo Datafolha: 70% dos trabalhadores responderam que o modelo não se adequaria às suas necessidades.

Segundo o Datafolha, a maior preocupação dos motoristas é a manutenção dos veículos (57%), seguido do medo de assaltos (48%) e perder a renda em caso de acidentes (46%). Já entre os entregadores as preocupações também passam pela perda da renda após acidentes de trânsito (48%), além de serem descadastrados das plataformas (44%) e manutenção do seu veículo (42%).

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