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Saúde Mental, Inteligência Artificial

Saúde mental importa. Quem diz isso é a quantidade massiva de dados científicos levantados nas últimas décadas a respeito dos impactos dos transtornos mentais. Estima-se que os problemas ligados à mente custem ao mundo perdas econômicas anuais na ordem de US$ 1 trilhão.

Apesar de haver um grande movimento de conscientização social sobre a importância e a necessidade de voltarmos a atenção para a saúde mental, a realidade é que em todos os países, não importa se de baixa ou alta renda, a resposta a tal percepção tem sido frustrante. Ainda hoje, de acordo com dados da OMS, mais de 80% das pessoas com problemas mentais não têm nenhum tipo de atendimento.

A pandemia de Covid-19 escancarou a já evidente fragilidade dos serviços em saúde mental. O aumento da demanda e a incapacidade de garantir assistência a quem mais necessitava gerou maior isolamento e marginalização destes indivíduos. No Brasil, vale destacar, a pressão da pandemia acelerou o moroso processo de autorização do uso de prescrições eletrônicas e da prática de telemedicina, que também trouxe mais possibilidades de assistência em saúde mesmo em períodos de normalidade.

São evidentes os ganhos da incorporação de tecnologia no suporte à saúde mental e, analisando o aumento exponencial dos custos em saúde ao longo dos anos, diria ser a única solução possível.

A saúde mental é a única área da medicina que depende exclusivamente da habilidade do paciente em reportar seu estado cognitivo e emocional e do médico em reconhecer com precisão esse mesmo estado dinâmico para que haja o diagnóstico preciso, a decisão terapêutica adequada e a leitura prognóstica correta; tudo de acordo com os princípios da Medicina Baseada em Evidências.

A realidade, porém, é que há muitos limites na prática da saúde mental, a partir dos modelos preconizados. Desafios que vão desde experiências clínicas com recursos limitados a tratamentos constituídos em modelos de tentativa e erro e que dificultam a adesão do paciente, retardam o tempo de resposta e, por fim, comprometem a resposta terapêutica.

Como sair deste gargalo em que reconhecemos cada vez mais a importância da saúde mental no futuro de uma sociedade ao mesmo tempo em que nos deparamos com limitações em ofertá-la com qualidade? A resposta talvez esteja na revolução algorítmica que presenciamos atualmente através da IA (inteligência artificial).

Pesquisas apontam sinais animadores de que algoritmos e machine learning venham a ser ferramentas superiores ao tradicional método diagnóstico e de indicação terapêutica. A capacidade de analisar o indivíduo em camadas mais complexas do que os critérios nosológicos atuais permitirá diagnósticos e planejamento terapêutico mais precisos, por exemplo.

E não estamos falando de um futuro distópico; já existem projetos para oferta psicoterapêutica baseada em IA a condições específicas, bem como algoritmos que são capazes de predizer indivíduos sob maior risco a apresentar surto psicótico, por exemplo.

Há uma série de questões éticas a debater sobre o uso de IA no tratamento em saúde mental, desde o respeito às diferenças entre os diversos grupos sociais e culturais, uso de dados pessoais, bem como a responsabilidade ética na assistência a vidas humanas.

Ainda que existam limitações, é inegável que seja uma tecnologia que veio para ficar e, talvez, finalmente garantir o alcance universal da saúde mental. Cabe ao profissional preparar-se da melhor maneira para atuar com as ferramentas terapêuticas do amanhã.

CNN

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