Eles avaliam que que há necessidade de maior mobilização nos estados. “A Fenajufe orienta a Categoria, porém quem tem que mobilizar a base nos estados são os sindicatos”, declarou o coordenador da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe), Fabiano dos Santos, em conversa com a diretora do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Federal do Estado de Mato Grosso (Sindijufe-MT) e também coordenadora da Federação Juscileide Rondon, ao final de mais ato unificado em que os servidores buscam a construção de uma greve nacional do serviço público.
Pelas avaliações gerais, o dever de casa em Brasília vem sendo feito com sucesso, considerando que servidores de diferentes categorias atenderam ao chamamento enviando caravanas. As manifestações desta semana, e principalmente a desta quarta-feira, foram consideradas a maior do funcionalismo em 2022, mas isso não basta. “Por exemplo, mais difícil que seja construir a greve unificada, ela é necessária. Os sindicatos devem trazer as dificuldades para o debate coletivo, e a Federação tem o papel de unificar a Categoria e dizer quais são os caminhos que a gente tem que seguir. Temos que pensar em conjunto como organizar a greve nacionalmente”, completou Fabiano.
Para Jusci, há três grandes dificuldades para a construção de uma greve nos dias atuais, tanto em Mato Grosso quanto nos outros estados. “A primeira delas está relacionada à questão das FCs, instrumento que as administrações usam para manter o servidor controlado pela gestão, que significa que quem adere à greve pode perder a FC, como aconteceu muitas vezes em outros tempos. Tivemos colegas que vieram para o movimento de mobilização e greve e, que, ao voltarem para o trabalho, a perderam. Trata-se, inclusive, de uma forma de assédio institucional, porque ninguém deveria perder uma função, mesmo a de confiança, pois entendo que o local de trabalho deve ser um ambiente saudável, e isso configura, sendo assédio, o adoecimento do ambiente de trabalho”.
O segundo óbice, de acordo com a diretora do SINDIJUFE-MT, é o trabalho remoto. “Porque o acesso aos trabalhadores que estão em teletrabalho é muito mais complexo. Às vezes o Sindicato tem o contato telefônico, mas às vezes o servidor mudou de telefone, e por e-mail também é difícil entrar em contato, porque em geral a pessoa está tão alienada com o trabalho, o que ocorre em muito maior escala que no trabalho presencial. Isso aliena o trabalhador do judiciário, seja pela sobrecarga de trabalho imposta seja pela necessidade de atingir metasm de tal maneira que ele não vive para outra coisa a não ser trabalhar. Mas a gente não vive para trabalhar, a gente trabalha para viver, e o hoje o trabalhador do judiciário está vivendo para trabalhar”.
O terceiro ponto considerado por Jusci, é que ainda tem que ser feito um trabalho de formação, com diálogo mais profícuo das questões concretas do dia a dia laboral, que não foi feito anteriormente, ou foi feito de forma pouco aprofundada. “No nosso caso, Mato Grosso e em muitos outros sindicatos, esse trabalho precisa ser retomado, deixar os sindicalizados falarem das suas angústias, dos seus problemas, do que eles estão enfrentando, quais as dificuldades, para promover a proximidade e a sincronia de quem está na direção com quem está lá no dia a dia do trabalho. Às vezes você está tão atribulado que nem percebe o tanto de questões que está enfrentando no seu ambiente de trabalho e acaba se alienando nesse modo de trabalhar. Você nem presta atenção em quem está na direção do sindicato, e o sindicato às vezes também não tem essa compreensão de como deveria incidir pra fazer esse diálogo com a base”.
Jusci destaca que os sindicatos não podem ser representados apenas por uma ou duas pessoas. “Nós temos poucos diretores com clareza da necessidade do comprometimento em fazer esse trabalho de maneira séria e efetiva. Sei das dificuldades e falta de condições, porque nem todos têm liberação, a maioria está no seu trabalho quotidiano e muitas vezes até fazendo sacrifício pessoal, às vezes até respondendo a alguma medida mais dura por parte da administração porque assumiu esse trabalho, e então a gente tem que ter essa compreensão de como encaminhar as coisas, porque não adianta encher a caixa de e-mail do Sindicato com orientações se a diretoria sequer tem tempo para ler. Então, exige-se de quem está na direção de um Sindicato, ter essa disponibilidade e essa disposição, que é o mais importante, para encampar esse trabalho e melhorar as condições da categoria. Claro, isso se faz no conjunto, pois uma pessoa só não dá conta, e quando você trabalha coletivamente o trabalho avança”.
Avaliações gerais
Sob o ponto de vista do coordenador-geral da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), Antonio Alves Neto, a manifestação desta quarta-feira cumpriu um papel importante, e dentro das expectativas um número expressivo de servidores públicos responderam o chamado das entidades e conseguiram mostrar para o governo que eles vão continuar na luta em defesa da recomposição salarial emergencial. “Nós, da Fasubra, estamos com salários congelados desde 2015, e as perdas já atingem quase 40% ou mais. Logo não nos resta alternativa senão insistir nessa luta até recuperarmos as perdas históricas dos nossos salários”.
De acordo com o coordenador da regional sul da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados (Fenajud), Emanuel Dall’Bello dos Santos e diretor do Sindicato dos Servidores da Justiça do Rio Grande do Sul (SindjusRS), é importantíssimo que os servidores de todas as esferas do poder se unam para conseguirem lutar pela reposição salarial, pois, conforme destacou, é um problema dos servidores em todos os estados. “No Rio Grande do Sul estamos passando por 8 anos de congelamento salarial, e o governador do nosso estado sequer nos recebe, então estamos partindo para a luta nas ruas”, disse ele.
A diretora de Políticas Educacionais do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe Nacional), Elenira Vilela, explicou que a categoria dela está fazendo, em conjunto, 2 tipos de mobilizações. “Como eu sou da área da educação, a gente está protestando contra o esquema de corrupção, o ‘bolsolão do MEC’, em que o ex-ministro Milton Ribeiro é acusado de desviar dinheiro para os pastores amigos e de dar dinheiro para as prefeituras de acordo com a indicação de pastores amigos de Bolsonaro, e também as mobilizações pelo reajustes salarial. Na nossa categoria, que tem docentes e técnicos administrativos, principalmente os técnicos estão muito massacrados, estão há 8 anos sem nenhum tipo de recomposição salarial e têm salários mais baixos”. Segundo ela, uma das maiores caravanas a Brasília nesta semana foi a do Sinasefe, com cerca de 80 servidores de todo o país.
Luiz Perlato/SINDIJUFE-MT