O ministro da Economia passou quase quatro horas em audiência na CCJ sem falar sobre caso apelidado de “tratoraço”
Guedes foi questionado repetidas vezes por deputados da oposição, mas não aprofundou no assunto. Em um único momento, o ministro retrucou dizendo que escândalos envolvendo estatais eram uma especialidade de governos anteriores. “Negócios e escândalos em estatais não são especialidades deste governo, são de outros. Parece que isso não nos atingiu ainda, vamos ver”, afirmou.
Insatisfeitos, alguns parlamentares ainda insistiram no assunto. “Isso é crime de responsabilidade, é prevaricação, desvio de finalidade e improbidade administrativa. Quero saber por que vossa excelência não vetou esse arranjo de corrupção, que é a compra de votos que está sendo feita aí”, perguntou o deputado Ivan Valente (PSol-SP), que não obteve resposta.
“O senhor vem falar que servidor público tem 20 carros, eu desconheço. Mas conheço presidente que come picanha de R$ 1.799 o quilo, conheço presidente que tira férias de R$ 2 milhões e conheço um orçamento que o senhor aprovou de R$ 3 bilhões para comprar parlamentar com trator superfaturado”, disse a deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS), também sem retorno do ministro.
Diante dos protestos, a presidente da comissão, a deputada Bia Kicis (PSL-DF), encerrou a audiência sem que alguns parlamentares inscritos conseguissem pontuar seus comentários e questionamentos ao ministro.
Orçamento paralelo
Segundo informações reveladas pelo jornal O Estado de S.Paulo, Bolsonaro criou um orçamento paralelo de R$ 3 bilhões em emendas, “boa parte delas destinada à compra de tratores e equipamentos agrícolas por preços até 259% acima dos valores de referência fixados pelo governo”.
O texto aponta ainda que é possível observar o descontrole de dinheiro público em um conjunto de 101 ofícios enviados por deputados e senadores ao Ministério do Desenvolvimento Regional e aos órgãos vinculados, para que os parlamentares indicassem a que pretendiam destinar os recursos.
Oficialmente, porém, o próprio presidente Bolsonaro vetou a tentativa do Congresso de impor o destino de um novo tipo de emenda (conhecida como RP9), criada durante o seu governo, por “contrariar o interesse público” e ainda estimular o “personalismo”.
Metrópoles