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Os ventos que sopram do norte, trazem compromisso com a ciência e com a vida?

Por Alexandre Padilha

23/11/2020 18:12

(Brian Cahn/ZUMA Wire)

Créditos da foto: (Brian Cahn/ZUMA Wire)

Joe Biden foi eleito o 46° presidente dos Estados Unidos da América, mesmo diante de diversos ataques a democracia americana por parte do atual presidente Donald Trump, que rejeita o resultado e tenta impedir uma transição pacifica e organizada do governo, Biden tem aprofundado suas estratégias de transição no que diz respeito ao enfrentamento da pandemia nos EUA.

Os EUA são recordistas no número diário de novos casos e mortes de covid-19, além de também possuírem os maiores números totais deste dois indicadores. Desde o começo da pandemia, 250 mil pessoas morreram em território americano, o que foi agravado pela atitude bélica do presidente Trump em priorizar sua retórica e desvalorizar a vida. Para se ter uma ideia, em breve acontecerá o Dia de Ação de Graças uma das maiores festas de comemoração dos EUA, enquanto o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) ‘implora” para as pessoas permanecerem em casa, a Casa Branca ignora os riscos e estimula aglomerações.

As internações nos EUA, assim como no Brasil e em várias outras partes do mundo, tem crescido e com isso a pressão sobre os serviços de saúde também. Contudo, Trump é contra medidas que busquem ampliar o uso de máscaras e organizar a resposta nacional no enfrentamento da pandemia, assim como Bolsonaro.

Porém, a eleição de Joe Biden apresenta ventos diferentes no que diz respeito ao compromisso do novo governo americano com a vida e com a ciência. O novo presidente em uma das suas primeiras ações já enquanto eleito, foi a criação de um conselho consultivo com cientistas para tratar de ações de combate à pandemia da covid-19, que conta com a médica inferctologista brasileira Luciana Borio.

A construção deste conselho, aconteceu logo após o anúncio de um Plano de Enfrentamento à covid- 19 no site da transição do governo americano lançado por Biden e Harris. Neste documento os novos líderes americanos apresentam alguns compromissos no enfrentamento da pandemia, entre eles: Escutar à ciência; garantir que as decisões no âmbito da saúde pública sejam tomadas por especialistas e promover a confiança, transparência e o propósito comum entre as ações tomadas pelo governo.

A estratégia de enfrentamento de Biden e Harris passa por ampliar de forma significativa a oferta e o acesso a testes, criando um amplo programa de rastreamento e acompanhamento da pandemia, além de ampliar a capacidade de testagem e diversificar as opções, investindo em testes mais rápidos e com menor complexidade, mas com maior segurança.

Outro fator importante de destacar é que Biden e Harris assumiram um compromisso de utilizar a Lei de Produção da Defesa Nacional para garantir a utilização de meios de produção públicos e privados para produzir os insumos necessários para a autonomia dos Estados Unidos frente aos diversos equipamentos e mercadorias que são fundamentais para o enfrentamento da pandemia.

Tal agenda, dialoga com o Projeto de Lei n° 2.224/2020 que apresentei no Congresso Nacional e o Projeto de Lei n° 2.201/2020 apresentado pelo Deputado Jorge Solla do qual sou coautor, que trata da reconversão industrial, ou seja, de que o Brasil que sofreu e sofre com a grande dependência externa para produção de insumos necessários no enfrentamento da covid-19, pudesse utilizar da capacidade industrial do país para salvar vidas, empregos e a economia.Mas, o maior desafio de Biden e Harris é compartilhado por nós, assegurar saúde para todos.

Enquanto aqui, temos no SUS um modelo para enfrentar a pandemia, mas que sofre ataques do governo Bolsonaro diariamente e tem um corte significativo de recursos para o próximo ano que ultrapassa a marca de 35 bilhões de reais. Lá, a ausência de um sistema público de saúde acentua as desigualdades e potencializa as mortes, e o desmonte do Obamacare (Affordable Care Act) diminuiu a oferta de seguros de saúde para a população mais vulnerável, que não sabe para quem recorrer e que na pandemia, viu seu endividamento aumentar e as mortes se aproximarem.

Outro fator positivo é que Joe Biden deve selar o retorno dos Estados Unidos da América à Organização Mundial de Saúde, contribuindo dessa forma com os organismos multilaterais de saúde que buscam enfrentar a pandemia com organização e compromisso coletivo.

A reaproximação com a OMS, passa por diminuir ataques eleitoreiros a programas internacionalmente reconhecidos, como o Programa Mais Médicos para o Brasil, o ataque do governo Trump a este Programa deverá ser encerrado com a vitória de Biden.

Mas, nem todas as notícias são positivas. Apesar da reconversão industrial, os Estados Unidos deverão defender como sempre a patente das vacinas e o interesse das suas empresas nacionais, deixando de lado uma luta que temos travado do licenciamento compulsório e da quebra das patentes de todas vacinas e fármacos que possam ser utilizados contra à covid-19, por isso é fundamental mantermos nossa organização em luta pela aprovação do Projeto de Lei 1.462/2020, que se faz cada vez mais necessária.

Os ventos que sopram do norte do continente, mostram diversos caminhos dúbios, mas na saúde trazem compromisso com a ciência, com a vida e com as pessoas.

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