Com uma participação expressiva na manifestação em Brasília por ocasião do Dia Nacional de Greve pela recomposição salarial, os servidores públicos sinalizaram o caminho que irão utilizar na luta contra o congelamento de salários. O caminho, segundo eles, deve ser o mesmo que derrotou a reforma administrativa no ano passado, ou seja, a mobilização, e o ultimato ao governo foi lançado, a fim de evitar a greve por tempo indeterminado que desponta no horizonte já para este mês.
“Viemos aqui hoje para devolver ao ministro Paulo Guedes a granada que ele colocou em nosso bolso. Hoje é o Dia Nacional de Luta na construção de uma grande greve dos servidores públicos federais pela recomposição salarial já. Como derrotamos a PEC 32 vamos buscar a recomposição salarial”, afirmaram os Servidores em Brasília.
A diretora do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Federal do Estado de Mato Grosso (Sindijufe-MT) e coordenadora da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe) Juscileide Rondon explicou que é possível ter êxito na luta pela reposição salarial.
“Estamos em ano eleitoral. Portanto, qualquer mobilização que a classe trabalhadora do serviço público fizer será positiva e irá mexer com a correlação de forças estabelecida. Isso nos permite dizer que, provavelmente, o parlamento também tem uma incidência dessa nossa mobilização, e eles são peça-chave para que, finalmente, a gente tenha estabelecido uma negociação que reconheça as nossas perdas para que elas sejam recompostas”.
Para Jusci, o caminho para se vencer esta luta é através da mobilização. “No caso dos Servidores do executivo, a pressão tem que ser via parlamento., e no caso do judiciário federal é o Supremo Tribunal Federal (STF) quem vai decidir enviar ou não a matéria para o Congresso Nacional, porque ele tem orçamento próprio, e nós temos a divisão de poderes. A nossa expectativa é que o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, que fez o compromisso de colocar em pauta a nossa recomposição salarial, e aprovar o projeto em sessão administrativa o faça rapidamente e envie para o Congresso Nacional para que seja aprovada a nossa recomposição”.
Várias formas de mobilização
Nas palavras do diretor da Fenajufe Thiago Duarte Gonçalves, os servidores públicos devem explorar todas as formas de mobilização, e a greve é apenas uma delas. “A mobilização é importante pra gente arrancar a recomposição inflacionária. Eu não acredito que sairá algum reajuste sem pressão, sem mobilização, e aí a gente tem que pensar nas diversas formas de mobilização. Tem a possibilidade da greve a partir de 23 de março, mas, além da greve, tem a disputa nas redes sociais, a pressão em cima dos parlamentares, enfim, e considero que a gente tem que unir as diversas formas de luta para conseguir conquistar a reposição inflacionária”, concluiu.
“Depende da nossa luta”
Na avaliação de um dos mais experientes diretores da Fenajufe, não será fácil conseguir a reposição, mas existem saídas para a vitória da categoria. Segundo Roberto Policarpo, temos um governo que não respeita os servidores e o serviço público, e também é preciso destacar que estamos diante de um ministro da Economia (Paulo Guedes) que até já declarou que queria colocar uma granada no bolso dos Servidores.
“Então a gente percebe que a nossa batalha será bem difícil, mas a unidade dos servidores públicos no ano passado não permitiu que a reforma administrativa fosse votada, e essa unidade que está se concretizando também aqui hoje é capaz de nos permitir alcançar o nosso objetivo, que é a recomposição salarial. A gente não tem nada perdido, depende muito da nossa luta. Se é possível, temos que lutar. Só a unidade dos servidores públicos é capaz de garantir a nossa recomposição”.
Avaliação positiva
Outro coordenador da Fenajufe entrevistado pelo SINDIJUFE-MT foi o Evilásio Dantas, também diretor do Sindicato dos Servidores do Judiciário Federal da Paraíba. “A mobilização dos servidores públicos correspondeu às expectativas. Muitos não puderam vir a Brasília mas estão mobilizados nos estados em todo o Brasil. A gente está muito bem organizado. Aqui em Brasília, em sua maior parte, quem compareceu foram as lideranças, e nos estados as bases também estão conectadas. Então, se o governo não demonstrar interesse em negociar, a tendência agora é a gente ampliar para a construção dessa grande greve a partir do dia 23 deste mês. Ou o governo nos atende ou nós faremos uma greve nacional com todos os servidores públicos das três esferas”, disse ele.
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Luiz Perlato/SINDIJUFE-MT