“Países que não frearam a disseminação do coronavírus com o argumento de não perder trabalho não tiveram benefícios em seu mercado. Deixar morrer não teve nenhum ganho econômico”, disse Marcos Hecksher, do Ipea
247 – Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que a reação do Brasil à pandemia de Covid-19 teve desempenho pior do que o a maioria dos países nos quesitos mortes e desemprego.
Marcos Hecksher, que assina a nota técnica da pesquisa, explica que os países que registraram mais mortes pela Covid-19 em 2020, de maneira proporcional à sua população e a sua pirâmide etária, também foram os que tiveram seus mercados de trabalho mais prejudicados.
“Em síntese, países que não frearam a disseminação do coronavírus com o argumento de não perder trabalho não tiveram benefícios em seu mercado. Deixar morrer não teve nenhum ganho econômico”, disse Marcos, segundo reportagem do G1.
O estudo ajustou os óbitos pela Covid-19 à distribuição populacional por faixa etária e sexo em cada país e utilizou os dados registrados no terceiro semestre de 2020 em comparação com o mesmo período em 2019, de pré-pandemia.
Em 2019, ano pré-pandemia, o estudo mostra que o Brasil tinha o 25º menor nível de ocupação entre os 64 países analisados, com 55,8% de sua população em idade de trabalhar ocupada. Em 2020, com a queda na ocupação apontada acima, o Brasil passou a ter a 16ª menor taxa, com 48,8% de sua população em idade de trabalhar ocupada.
Na lista analisada pelo Ipea, o mercado de trabalho brasileiro teve pior desempenho que países como Palestina, México e Paraguai durante a pandemia em 2020.
Em todo o mundo, os países com as maiores quedas na taxa de ocupação foram, respectivamente, a Bolívia e Peru.
“A América Latina sofre mais com a informalidade, o que tende a dificultar a cobertura social, o isolamento e o combate à pandemia, aumentando as perdas de vidas e postos de trabalho. Mesmo em nosso continente, o Brasil se saiu pior que a maioria dos países ao redor”, diz o pesquisador.
Brasil 247