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Idosa que viralizou ao chorar com preços altos dos alimentos mantém esperança: ‘O brasileiro não pode morrer de fome’

Aos 66 anos, Suzete Maria é aposentada e continua trabalhando como cozinheira em Maceió para complementar a renda. Ela diz que seu vídeo viralizou por ser a realidade de muitas famílias.

Por Vivi Leão, G1 AL

As lágrimas da aposentada Suzete Maria da Silva ao falar sobre a alta dos preços dos alimentos durante entrevista em um supermercado de Maceió viralizaram nas redes sociais e emocionaram o Brasil. Além das mensagens de apoio, a identificação com a dor que não é só dela, mas de muitos brasileiros que se deparam com a dificuldade em levar comida para casa.

O vídeo da primeira entrevista (reveja ao final do texto) postado no Twitter foi visto mais de um milhão de vezes e teve 67 mil curtidas. Outros milhares de posts com o mesmo vídeo se multiplicaram na internet. Muita gente queria saber mais sobre a idosa e, para contar a sua história, o G1 foi até a casa dela.

O imóvel localizado em uma vila no bairro do Poço, é humilde, mas é próprio e foi construído com muito trabalho. Lá, Suzete vive com a filha de 27 anos e os dois netos, os xodós a quem ela dedica tempo e amor. Mesmo com tanta dificuldade, a esperança de ver as coisas melhorarem se mantém firme.

“O brasileiro não pode morrer de fome. Espero que tudo melhore. Esse é o meu pensamento. As pessoas precisam se unir para que o governo mude e que o Brasil não se afunde do jeito que está se afundando. É o que desejo”, diz a aposentada.

Aos 66 anos, ela decidiu continuar trabalhando como cozinheira na casa de uma família. O dinheiro extra ajuda a pagar as contas. A sua rotina é corrida, o horário de descanso é curto, mas o sacrifício tem sido necessário para levar a vida com dignidade.

“Trabalho de segunda a sábado feito uma maluca para ter alguma coisa, e quando chego em casa tenho os serviços [domésticos], só vou descansar depois das 23h. A folga também é dia de trabalhar em casa, arrumando tudo e ajudando a cuidar dos netos. E assim a vida continua”, afirma.

Suzete Maria mora com uma filha e os dois netos em uma casa humilde no bairro do Poço, em Maceió — Foto: Vivi Leão/G1

Suzete Maria mora com uma filha e os dois netos em uma casa humilde no bairro do Poço, em Maceió — Foto: Vivi Leão/G1

Com uma renda apertada e os preços disparando nos supermercados, o jeito tem sido abrir mão de alguns alimentos. A geladeira que antes vivia cheia, agora tem pouca comida.

“Está tudo caro. Você compra um dia, no outro, o preço já muda, já está mais caro. Antigamente eu fazia uma feira e minha geladeira ficava cheia, agora eu faço feira e a geladeira continua vazia. Não tem nada. Antes a gente conseguia comprar carne para fazer um almoço decente em um dia de domingo, mas agora é impossível. Antes tinha carne na nossa mesa e hoje? Tem fome! O povo passa fome”, conta Suzete.

E não é só a conta do mercado que tem pesado no bolso. O reajuste tarifário de energia tem feito o orçamento de Suzete ficar ainda menor.

“A gente ganha um salário e não sabe como dividir para pagar as contas, é água, é luz, é o gás. A pergunta é: O que a gente come com esse salário vergonhoso? A gente tem que fazer milagre! Antigamente eu comprava R$ 2 de pão e dava para tomar café, agora tenho que gastar R$ 4, é um absurdo. O assalariado que paga um aluguel, água e luz come o quê? Não sei”, lamenta.

Suzete mostra que há tempos não consegue fazer uma feira que encha a geladeira — Foto: Vivi Leão/G1

Suzete mostra que há tempos não consegue fazer uma feira que encha a geladeira — Foto: Vivi Leão/G1

Mesmo ganhando pouco, Suzete lembra que ainda consegue fazer uma feira modesta, mas se pergunta como um desempregado consegue alimentar a família.

“Espero que as pessoas tenham coragem de falar que estão passando fome, que digam que esse salário miserável que a gente ganha não dá para comer. E quem perdeu o emprego na pandemia, como está passando?”, questiona.

A fome, que voltou a subir no Brasil na última década, acabou se agravando na pandemia. Um levantamento da ONG Oxfam mostra que 20 milhões de pessoas passaram a viver em níveis extremos de insegurança alimentar em 2021.

G1

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