Pesquisa mostra que desde o ano 2000 vem aumentando o número de trabalhadores mortos por doenças cardíacas e derrames
Por Redação RBA
Aumento da jornada de trabalho com o home office na pandemia é estimada em 10%
São Paulo – A percepção de que longas jornadas de trabalho são prejudiciais à vida do trabalhador faz parte do senso comum, mas uma pesquisa comprova que a vulnerabilidade da saúde da pessoa nessa condição é inquestionável. Segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização Internacional do Trabalho (OIT) as longas jornadas de trabalho têm aumentado o número de mortes por doenças cardíacas e derrames.
Entre 2000 e 2016, a quantidade de pessoas que morreu por conta desses problemas de saúde aumentou 29%. Ao todo, 745 mil indivíduos perderam suas vidas em 2016 pelo excesso de trabalho. O problema trata de uma condição que se agrava com a pandemia, já que com o home office estima-se um aumento de jornada de cerca de 10%.
Para o diretor-adjunto do Dieese, José Silvestre, a questão das longas jornadas tratada na pesquisa está posta historicamente na luta do movimento sindical, que há anos defende a redução de jornada.
“A pesquisa chama a atenção para alguns pontos. O primeiro é que cerca de três quartos das pessoas que morreram são do sexo masculino”, afirma Silvestre em entrevista ao jornalista Glauco Faria na Rádio Brasil Atual.
Ele afirma que é necessário rever a questão da jornada excessiva em praticamente todos os setores da economia no país e concorda que o problema é especialmente delicado na pandemia, já que existem evidências do aumento da jornada neste período.
No contexto dos direitos trabalhistas durante a pandemia, uma alternativa que despontou é o direito à desconexão, já que as relações de trabalho hoje são mediadas principalmente por vias digitais. Esse direito está previsto, entre outros, no acordo global celebrado há poucos dias entre a IndustriALL Global Union e a fabricante francesa de automóveis Renault.
O acordo estabelece direitos e garantias para os trabalhadores na modalidade do teletrabalho. Questões como privacidade, segurança, respeito às jornadas de trabalho estabelecidas, além do direito à “desconexão”, fazem parte do novo pacto negociado.
“A pessoa fica conectada a maior parte do tempo, está ligada o tempo todo. Há inclusive uma confusão, como se a casa fosse a extensão do trabalho”, afirma Silvestre.
Rede Brasil Atual