Com uma greve sanitária iniciada no dia 9 de novembro, os trabalhadores da USP obtiveram importante vitória. Obrigaram a reitoria da universidade a recuar do retorno presencial ao trabalho.
Numa atitude absurda, a direção da USP publicou um documento determinando o retorno compulsório ao trabalho presencial no dia 6 de novembro para a maior parte dos 13.000 funcionários, sendo que o retorno às aulas só está previsto para o ano que vem. Além disso, a maioria dos funcionários estão trabalhando através do teletrabalho, mantendo presencialmente as atividades essenciais ou em caráter eventual. Portanto, não havia nenhuma justificativa plausível para este retorno impositivo, a não ser, como a própria reitoria chegou a admitir, pela preocupação com a “opinião pública”, leia-se, por pressões políticas do governo do estado.
O Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) convocou uma assembleia que aprovou a greve sanitária, em defesa da vida a partir do dia 9. Ou seja, não atender à convocação para o trabalho presencial não essencial, mantendo o teletrabalho e as atividades essenciais.
A mobilização rapidamente obteve apoio da maioria dos professores e muitos dirigentes e órgãos colegiados da USP, de diversas entidades de dentro e fora da instituição, parlamentares e personalidades se dirigiram ao reitor reforçando o pedido de abertura de negociações, para que a reitoria recebesse o sindicato!
Diante de total isolamento, na manhã do dia 17, a direção da universidade publicou novo documento retirando a obrigatoriedade do retorno das atividades não essenciais, cuja determinação fica a critério dos dirigentes de cada unidade, tal como era antes do plano atual.
A luta dos trabalhadores segue para garantir que nenhum dirigente manterá essa convocação presencial compulsória. Nova assembleia está marcada para o próximo dia 24 para avaliação da situação da Greve e a continuidade da mobilização.
O Sindicato destaca, ainda, a atitude irresponsável da reitoria e da superintendência do Hospital Universitário, que convocou pessoas do grupo de risco para trabalhar, desobedecendo uma liminar judicial que determinava o afastamento dos trabalhadores nessa condição, uma vez que a civid-19 levou à morte de um funcionário do HU, que mesmo sendo do grupo de risco, seguiu trabalhando presencialmente.
“Consideramos que essa morte não foi fruto do acaso, foi um verdadeiro homicídio, que teve como responsáveis a superintendência do hospital e a reitoria”, disse o dirigente do Sintusp Magno de Carvalho, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.
Haverá uma audiência na justiça em relação ao cumprimento da liminar que determina o afastamento dos trabalhadores do grupo de risco dos hospitais da USP, que ocorrerá no próximo dia 27. A morte do funcionário já foi denunciada e será realizado um ato em frente ao hospital no dia 26 como parte dessa denúncia e da luta pela preservação da vida dos funcionários do HU!
“Seguiremos a campanha de denúncia do autoritarismo da reitoria, exigindo a abertura de negociação com o Sindicato, pois há outros temas pendentes no plano de retorno presencial da reitoria que precisamos discutir”, reforçou Magno.
CSP-Conlutas