Desmonte do parque de refino da Petrobras afeta a soberania energética nacional, de acordo com petroleiros em greve há mais de dez dias
Por Redação RBA
Publicado 15/03/2021 – 12h10
Juarez Cavalcanti/Agência Petrobras
Além da Rlam, Petrobras pretende se desfazer de outras sete do total de 13 refinarias
São Paulo – Os preços da gasolina nas refinarias acumulam alta de 54,3% desde 1º de janeiro de 2021. No mesmo período, o diesel subiu 41,5%. A brusca oscilação está relacionada com a desvalorização do real e a alta do preço do barril do petróleo no mercado internacional, em função do Preço de Paridade de Importação, política adotada pela Petrobras desde 2016.
Além dessa mudança, a estatal adotou, desde então, um plano de desinvestimento. Dentre as medidas estão a privatização de 8 das treze refinarias da Petrobras. Subsidiárias, como a BR Distribuidora, a TAG e fábricas de fertilizantes foram vendidas.
Para barrar esse desmantelamento, os petroleiros da Bahia estão em greve desde 5 de março. Eles protestam contra a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam) para a Mubadala Capital, fundo de investimentos de Abhu Dhabi, por US$ 1,65 bilhão.
“Nossa principal luta é contra o processo de privatização em função dos impactos que ela vai causar à sociedade. Na verdade, são impactos que já estamos sentindo, a partir do preço dos combustíveis. Com a privatização, com a entrega desse mercado, a tendência é piorar”, alerta Elizabeth Sacramento, diretora financeira do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindpetro-BA), em entrevista ao programa Revista Brasil TVT, neste domingo (14).
Ao mesmo tempo em que os preços dos combustíveis explodem, a Petrobras também anunciou aumento de 9,5% em média na remuneração dos seus executivos. Na mesma linha, a estatal anunciou lucro recorde de 59,9 bilhões no último trimestre de 2020, o que demonstra que haveria espaço para mudanças na política de preços.
Reivindicações
Os petroleiros também reivindicam o fim das práticas de assédio moral dentro da empresa. Em outros cinco estados – Bahia, no Amazonas, no Espírito Santo e São Paulo –, os trabalhadores estão de braços cruzados. “Até o final da próxima semana teremos mais bases aderindo. A greve vem numa crescente”, ressaltou Elizabeth.
Denunciam, ainda, a falta de segurança no local de trabalho. De acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), pelo menos 11% dos trabalhadores da Petrobras já foram contaminados pela covid-19, o que representa o dobro da média nacional.
Preço justo
Para conscientizar e angariar o apoio da população, os petroleiros vêm promovendo a venda de combustíveis a preço justo. Nas últimas semanas, em diversos postos do país, motoristas de aplicativo puderam adquirir gasolina por R$ 3,50 o litro. Também realizaram a venda de diesel e gás de cozinha com desconto. Os petroleiros alegam que, como a Petrobras detém o controle de todas as etapas de produção, da exploração ao refino, não é justo atrelar a variação dos preços ao mercado internacional.
Assista à entrevista
Redação: Tiago Pereira. Edição: Glauco Faria
Rede Brasil Atual