Raul Velloso, economista ortodoxo e especialista em contas públicas, disse que demais países estão emitindo moeda e que Brasil busca soluções “difíceis”.
por Redação
Publicado 18/11/2020 17:03
Economista ortodoxo e especialista em contas públicas, Raul Velloso defendeu, em live do Valor Econômico, a emissão de moeda para fazer frente aos gastos com a pandemia do novo coronavírus e à crise econômica que veio no rastro da crise sanitária. Ele também criticou a manutenção do teto de gastos e disse que serão necessários investimentos públicos para a retomada da economia.
Velloso disse que a emissão de moeda é uma dívida sem juros e que pode ser feita sem impacto inflacionário. Segundo ele, seria uma grande “besteira”, em uma crise dessa magnitude, o país se comportar como se estivesse em uma situação normal.
Doutor em Economia pela Universidade de Yale e ex-secretário adjunto do antigo Ministério do Planejamento, o economista disse ainda que a emissão de moeda é o que os demais países estão fazendo. “Por que temos que ser diferentes, fazer as soluções mais difíceis e complicadas?”, questionou, acrescentando que não adianta tentar resolver o problema com mudanças nos impostos e que a reforma tributária não é para o momento atual.
Ele defendeu também investimentos para a retomada do crescimento e disse que só o setor público pode liderar esse processo. Afirmou ainda que o teto de gastos “nasceu morto”, mas se tornou “ícone” de certo segmento de economistas e do mercado financeiro e que é “uma grande bobagem” achar que o país está perdido com a queda do teto.
Ele ainda afirmou que falta experiência ao ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes. “A pessoa pode ser mais velha, mas tem experiência zero”, disse ele, acrescentando que o governo parece estar sempre “atrás de seu tempo”.
O economista defendeu também um programa de renda após o fim das parcelas do auxílio emergencial. Ele criticou o fato de o governo, inicialmente, ter achado que o problema seria resolvido com “migalhas”. “Felizmente o Congresso atuou”, afirmou.
No início das restrições impostas pela pandemia, o governo Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional proposta de auxílio emergencial de R$ 200. Os parlamentares aumentaram o valor para R$ 500 e, após ver que ia perder, Jair Bolsonaro autorizou sua base a negociar os R$ 600. Desde setembro, no entanto, o valor foi reduzido a R$ 300 mensais.
Vermelho