Doença é considerada silenciosa, uma vez que pode não apresentar sintomas ao longo dos anos; entenda os riscos
Pressão alta não tem cura, mas pode ser controlada a partir de tratamento com medicamentos e a adoção de hábitos saudáveisskynesher/Getty Images
Lucas Rochada CNN
em São Paulo
A elevação sustentada dos níveis de pressão arterial define a hipertensão, também conhecida como pressão alta. São consideradas hipertensas as pessoas que apresentam pressão igual ou maior que 14 por 9.
A doença é considerada silenciosa, uma vez que pode não apresentar sintomas ao longo dos anos. No entanto, a condição aumenta os riscos de desenvolvimento de outras doenças cardiovasculares e renais, além de ser comumente associada a outros problemas crônicos e a eventos como morte súbita, acidente vascular cerebral, infarto, insuficiência cardíaca e doença arterial periférica.
O Dia Mundial da Hipertensão, celebrado nesta quarta-feira (17), promove a conscientização sobre os cuidados e a prevenção da doença que afeta mais de 38 milhões de pessoas no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.
Consequências para o organismo
A pressão alta e sustentada pode levar a um esforço maior do coração para que o sangue seja distribuído pelo corpo humano.
O problema de saúde é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de doenças cardiovasculares, como acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio, aneurisma arterial e perda da função dos rins e insuficiência cardíaca.
A hipertensão também é uma condição crônica com múltiplos fatores de risco, como fatores genéticos e comportamentais.
Na maior parte dos casos, é uma doença sem sintomas. Alguns pacientes podem apresentar sinais quando há elevação da pressão arterial de forma abrupta ou quando já existe algum tipo de comprometimento de órgãos. Nesses casos, os sintomas mais comuns são dor de cabeça — especialmente na região da nuca, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza e visão embaçada.
Controle da pressão
A pressão alta não tem cura, mas pode ser controlada a partir de tratamento com medicamentos e a adoção de hábitos saudáveis de alimentação e atividade física.
Além dos medicamentos disponíveis atualmente, que só devem ser adotados a partir da recomendação médica, o Ministério da Saúde recomenda o controle de peso, a redução do consumo de sal e de temperos industrializados.
Ainda sobre a alimentação, deve-se evitar o consumo de ultraprocessados, priorizando alimentos naturais e ampliando o consumo de frutas, verduras, legumes, produtos lácteos com baixo teor de gordura, cereais integrais, peixes, aves e oleaginosas (castanhas, amendoim, nozes).
Frutas como banana, laranja-pera, mexerica ou tangerina, mamão formosa, goiaba, abacate, melão e oleaginosas (castanhas, amendoim, nozes) contribuem para maior ingestão de potássio, que podem auxiliar no manejo da pressão arterial.
Fatores de risco
A pressão alta é uma condição crônica com múltiplos fatores de risco, como fatores genéticos e comportamentais.
Segundo o Ministério da Saúde, os principais fatores de risco para a hipertensão arterial são: alimentação inadequada baseada em alimentos ultraprocessados, o uso nocivo de álcool, tabagismo, sobrepeso e obesidade, além da inatividade física.
“Estima-se que um terço dos casos de hipertensão guarde alguma relação com a obesidade que, por diversos mecanismos, contribui para a ocorrência da doença, sendo considerado um dos seus principais fatores de risco, tanto em adultos como em crianças”, afirma o médico e cirurgião-geral Leonardo Emilio.
Número de adultos com hipertensão aumentou 3,7% em 15 anos no Brasil, diz Saúde
Índices saíram de 22,6% em 2006 a 26,3% em 2021, segundo dados levantados pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)
Foto: Getty Images (PeopleImages)
Lucas Rochada CNN
em São Paulo
Obesidade, histórico familiar, estresse e envelhecimento são alguns dos principais fatores associados ao desenvolvimento da hipertensão. O Ministério da Saúde publicou, na terça-feira (17), um relatório que aponta que o número de adultos com diagnóstico médico de hipertensão aumentou 3,7% em 15 anos no Brasil. Os índices saíram de 22,6% em 2006 a 26,3% em 2021.
Os dados foram levantados pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) da pasta, que considerou a evolução temporal dos indicadores das últimas 16 edições do principal inquérito de saúde do Brasil, o Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico).
O relatório mostra ainda um aumento na prevalência do indicador entre os homens, variando 5,9% para mais. Os resultados apontam uma queda nos registros em determinadas faixas etárias sendo a maior redução observada entre adultos de 45 a 64 anos, variando de 32,3% em 2006 a 30,9% em 2021 para aqueles entre 45 e 54 anos; e variando entre 49,7% em 2006 e 49,4% em 2021 para aqueles entre 55 e 64 anos.
“As informações de monitoramento exercem papel fundamental no processo de planejamento, implementação e avaliação das políticas públicas, bem como no cumprimento das metas propostas nos planos de ações de promoção, prevenção e controle de doenças crônicas não transmissíveis, como um todo”, afirmou Giovanny França, diretor do Departamento de Análise em Saúde e Vigilância das Doenças Não Transmissíveis da SVS, em comunicado.
Segundo os dados mais recentes da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019, os estados com maiores prevalências de diagnóstico médico de hipertensão arterial são: Rio de Janeiro (28,1%), Minas Gerais (27,7%) e Rio Grande do Sul (26,6%). Os estados com menores prevalências são: Pará (15,3%), Roraima (15,7%) e Amazonas (16%).
O indicador se refere à população brasileira com mais de 18 anos que referiu ter diagnóstico médico de hipertensão arterial, exceto mulheres que tiveram diagnóstico durante a gravidez.
A condição é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e renais, além de ser frequentemente associada a outros problemas crônicos e a eventos como morte súbita, acidente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e doença arterial periférica.
De acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), de 2010 a 2020, foram registradas 551.262 mortes por doenças hipertensivas, sendo 292.339 em mulheres e 258.871 em homens. Entre os estados com maior taxa de mortalidade em 2020, estão: Piauí (45,7 óbitos / 100 mil habitantes), Rio de Janeiro (44,6 óbitos / 100 mil habitantes) e Alagoas (38,8 óbitos / 100 mil habitantes).
O presidente do Departamento de Hipertensão Arterial (DHA) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Audes Feitosa, aponta que a hipertensão tem fatores de risco que são modificáveis e outros não modificáveis, como predisposição genética e envelhecimento.
Os principais hábitos modificáveis estão relacionados ao consumo de álcool, tabagismo, alimentação inadequada e sedentarismo, considerados fatores de risco para o desenvolvimento da doença.
CNN