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Chilenos votam pelo fim da Constituição da ditadura de Pinochet

Concentração de manifestantes na Praça da Dignidade | Foto: Twitter/@guilhermismos

Neste domingo (25) os chilenos foram às urnas e romperam com parte do passado histórico sombrio do país. Foram 78% dos eleitores que defenderam em votação substituir a Constituição do general Augusto Pinochet. Uma força esmagadora na luta pelo fim da constituinte da ditadura militar, que assolou o país entre os anos de 1973 e 1990.

Esse período sangrento ainda traz vestígios nos dias atuais. O Estado e suas instituições massacram e violam os direitos humanos e a democracia. Por isso, 79% também reivindicaram que a Assembleia Constituinte seja exclusivamente composta por 155 pessoas que ainda serão eleitas em abril próximo, ou seja pessoas sem cargos legislativos vigentes. Uma intensa e importante ruptura com o atual governo e o cenário do regime político.

Resposta contra repressão – O resultado do referendo é também uma resposta à violência do Estado praticada contra quem se manifesta publicamente. Em todos os protestos os trabalhadores, jovens e estudantes foram dispersados com violência. No dia 2 de outubro deste ano, centenas de pessoas se reuniram no centro da capital Santiago, e carabineiros, a polícia militarizada chilena, atacou duramente o ato. Pelo menos 21 pessoas foram detidas e 18 carabineiros ficaram feridos, segundo informação oficial.

Nesse contexto, um adolescente de 16 anos, identificado com Anthony Araya, foi empurrado de um ponte sobre o rio Mapocho. O jovem estava escapando da repressão de um grupo de policiais, em meio a multidão. Como é possível verificar em diversos vídeos que foram divulgados ?incluindo um da administração municipal de Santiago?, um carabineiro que ia detê-lo avança e empurra o menor de idade.

Grafite em muro no Chile | Foto: Twitter/@FalconFVeu

Luta que vale – O plebiscito foi convocado graças aos protestos que ainda enchem ruas e praças no país, desde outubro do ano passado. Uma luta longa, que obteve importante avanço sob muito custo. Inclusive de vidas que foram perdidas e de ativistas militantes que ficaram feridos por protestar e reivindicar direitos e dignidade.

Desde que o levante no Chile teve início, 31 manifestantes foram mortos, aproximadamente 350 sofreram mutilações oculares e milhares de violações de direitos humanos foram divulgadas por organizações nacionais e internacionais. Segundo o Instituto de Direitos Humanos do Chile, mais de 11300 pessoas foram detidas e 2500 encarceradas – essas com prisão preventiva declarada – entre outubro de 2019 e março de 2020 nas manifestações sociais.

Juventude em luta – Quase 60% dos que foram às urnas neste domingo (25) não tinham idade para votar no referendo constituído em 1988, que definiu o fim do regime Pinochet. Esses eleitores mais jovens, que não participaram ativamente nos últimos pleitos, votaram em massa desta vez.

Todo apoio – O dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Herbert Claros, do Setorial Internacional, reafirma a importância da luta do povo chileno. “As mobilizações que ocorreram no Chile demonstram que é possível vencer isso e é um exemplo para todos trabalhadores ao redor do mundo de que a mobilização direta pode trazer resultados”.

Entretanto, Herbet alerta que esse é apenas um passo como resultado da enormes lutas travados pelo povo daquele país. “A Constituição é um passo importante nessa luta, mas ainda insuficiente. Os trabalhadores do Chile tem agora o desafio de derrubar o presidente Sebastián Pinera e construir um poder de fato dos trabalhadores para resolver os problemas que o capitalismo não resolve”, disse o dirgente.

A Central Sindical e Popular CSP-Conlutas e seus sindicatos, movimentos e entidades filiados apoiam incondicionalmente a luta e as reivindicações do povo chileno e e soma-se as vozes por fora governo Piñera e sua polícia dos Carabineiros assassinos!

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Foto Manchete: Rodrigo Garrido/Reuters

CSP-CONLUTAS

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