Sindijufe - MT

Bancos lucram com a previdência privada. Saiba como se defender

Taxa de administração drena recursos de quem investe na aposentadoria. Mas há alternativas melhores para garantir o futuro

Por José Ricardo Sasseron

Publicado 05/01/2021 – 09h57

Pixabay

Muitas dúvidas: taxa de administração cobrada pelos bancos deve estar entre as preocupações de quem planeja o futuro

Quando você for comprar um plano de previdência privada em qualquer banco, a primeira pergunta que deve fazer é qual a taxa de administração cobrada. Por meio desta taxa os bancos lucram muito e drenam boa parte dos recursos que deveriam garantir a sua aposentadoria. Quanto maior a taxa, maior o lucro do banco e menor a sua aposentadoria.

O banco cobra uma taxa para administrar o patrimônio que você acumula com suas contribuições mensais. Esta taxa de administração é aplicada anualmente sobre todo o patrimônio acumulado.

Consultei os sites dos três maiores bancos brasileiros e constatei que a taxa de administração média de seus planos de previdência privada é de 1,5% ao ano. De acordo com o Ministério da Economia, os três maiores bancos brasileiros administravam uma carteira de previdência privada de R$ 719 bilhões em dezembro de 2019. Com uma taxa de administração de 1,5%, cobraram os nada modestos R$ 10,8 bilhões dos poupadores que guardam parte de seu salário para a aposentadoria.

Com um lucro destes, fica mais fácil entender por que os bancos insistem tanto em vender previdência privada para todo cliente que entre em uma agência. Também fica fácil entender por que a maior administradora de previdência privada do país também é uma das empresas que mais pagam dividendos a seus acionistas.

Custo dos fundos de pensão chega a ser 10 vezes menor

Como você deve saber, os fundos de pensão administram os planos de previdência patrocinados por empresas para os seus respectivos funcionários. Estes fundos não têm objetivo de lucro e administram o patrimônio dos participantes a preço de custo.

De acordo com a Previc, o órgão fiscalizador dos fundos de pensão, em 2019 os dez maiores fundos geriam em conjunto R$ 566 bilhões e consumiram R$ 1,04 bilhão para gerir estes recursos. Isto corresponde a uma taxa de administração de 0,19%. Custo 8 vezes menor que o dos bancos, o que dá uma ideia de quão extorsivo é o lucro dos bancos.

É preocupante quando vemos membros do governo defendendo que bancos administrem planos de previdência complementar de segmentos como os dos servidores públicos, por exemplo. A quem estão querendo beneficiar?

Previdência privada não é solução

A previdência foi criada para garantir dignidade e uma fonte de sustento aos idosos e aos incapacitados para o trabalho. A previdência privada não é solução para esta necessidade. Como você viu, garante mais o lucro dos bancos que a dignidade da pessoa humana. Só a previdência pública e social, garantida com recursos públicos e contribuições dos trabalhadores e empresas, é capaz de garantir proteção social para todos.

José Ricardo Sasseron foi diretor de Seguridade da Previ, presidente da Anapar e diretor do Sindicato dos Bancários de SP

Leia também: ‘Rombo’ nos fundos de pensão: uma história que só existe no Brasil

Rede Brasil Atual

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *