Já faz 8 anos que a Servidora do TRT23 Mirtes Carneiro de Queiroz se aposentou. Alguém sabe dizer por onde ela anda? Ela chegou a participar de atos da Categoria em Brasília representando o SINDIJUFE-MT, mas isso também já aconteceu há alguns anos. Então fomos procurá-la para saber como está. Os 20 anos de atuação no Judiciário Federal renderam a ela muitos amigos, com quem interagia quando estava na ativa. Hoje, afastada de todos ou de quase todos, Mirtes revela o que tem feito para driblar a saudade, mas destaca que a aposentadoria representa a verdadeira qualidade de vida. Leia, a seguir, a entrevista completa.
Olá, Mirtes. Em que ano você se aposentou e o que tem feito desde então?
Me aposentei em 2013, e desde então estou aproveitando ao máximo a vida, fazendo coisas que antes eu não podia, porque estava sempre presa ao tempo e ao trabalho. Tenho viajado bastante, principalmente para visitar filhos e netos. Meu filho, Dimitri, mora em Gravataí, no Rio Grande do Sul, e a Glenda, minha filha, mora na Alemanha. Pelo menos a cada 2 anos eu vou ver minha filha, e uma vez por ano vou visitar meu filho e meus outros netos. Tenho 3 netos maravilhosos, o da Alemanha se chama Antoni, e os filhos do Dimitri são o Pietro e o Lorenzo. Esses 3 pimpolhinhos são os meus amores e sempre estou conversando com eles, até mesmo para que o Antoni aprenda bem o português.
Também tenho a minha filha caçula que ainda vive com a gente, e no momento em que ela se casar ficaremos apenas eu e meu esposo, e por isso eu sei que já tenho que me preparar para esse momento. Os filhos devem viver a vida deles, logicamente, e a gente não pode prendê-los, será preciso arrumar mais coisas para fazer para tentar preencher o vazio que ela deixará em nossa casa.
Sente falta da rotina do Tribunal?
Sinto saudade do TRT e de todos os outros lugares onde trabalhei, pelas pessoas que conheci e os muitos amigos que ganhei em todos esses anos, mas vou confessar que a nova fase de minha vida é bem mais prazeirosa. Quando estamos na ativa a gente não tem tempo, tudo gira em torno do trabalho, e você fica preso no tempo. Com isso a gente deixa para trás muitas coisas pessoais, inclusive a família. Agora, no entanto, sou eu quem administro o meu tempo, é muito bom estar aposentada, me sinto feliz. Hoje um dos meus objetivos primordiais é o trabalho social. No Tribunal eu fazia um trabalho parecido, só que era um trabalho para os próprios Servidores que trabalhavam lá, e então eu continuei esse tipo de trabalho, só que agora o meu público é outro, é outro perfil de pessoas. São as pessoas carentes, as pessoas necessitadas. Mas tenho meus momentos de lazer, e tanto é que nem posso escutar a palavra vamos, porque já vou logo me interessando em saber para onde.
Você ou alguém da sua família foi infectado pela covid-19?
Desde o início da pandemia, nem eu e meu marido e nem meus filhos e netos tivemos covid, mas 4 pessoas da minha família pegaram a doença. “Eu rezo muito, porque meu filho e minha nora são médicos, e portanto são mais propensos a pegar o vírus, mas, graças a Deus, ninguém foi infectado, já tomaram as duas doses da vacina e continuam com as precauções. Tenho duas irmãs e dois sobrinhos que foram infectados, porém de forma leve. O tratamento em casa foi suficiente para a recuperação de todos, sem necessidade de internações.
Neste período de pandemia estou meio que reprimida, porque não estamos podendo viajar. Temos que esperar passar essa fase. Eu até poderia viajar para o exterior, afinal já tomei a vacina, mas infelizmente não estou podendo ir à casa de minha filha na Alemanha, por exemplo, porque o Brasil está muito feio lá fora e está fechado para brasileiros.
O que mais gosta de fazer quando não está viajando?
Viajo sempre que tenho a oportunidade. Além das minhas viagens para rever a família, eu viajo muito a turismo e para encontros religiosos. Faço serviço social, dentre outras coisas.
Também gosto de ler, leio muito. Gosto de festas, se bem que nestes 2 anos não está sendo possível por causa da pandemia. Enfim, eu gosto de muitas coisas que é bom para a vida. Agora tenho mais tempo para me dedicar aos meus lindos netos. Eles moram longe mas eu converso com eles todos os dias, são as joias da minha vida e do meu esposo. É muito gratificante ser avó: fazemos coisas que às vezes não fazíamos aos filhos, por falta de tempo, por causa de trabalho. Então agora eu sei o que é a verdadeira qualidade de vida.
Na sua opinião, qual é a maior vantagem de estar aposentado?
Aposentar não é parar no tempo, e sim mudar para outro ciclo de vida, realizando coisas para melhorar cada vez mais o seu alto astral e a sua vitalidade. Eu descobri muitas pessoas que depois que se aposentaram começaram a se dedicar ao artesanato. Quem tem o dom faz, e quem não tem faz qualquer outra coisa. Então, temos que pensar nessa transição, harmonicamente, para termos uma aposentadoria e um modo de vida saudável e com muitos projetos de vida. As pessoas devem pensar no que elas vão fazer a partir do dia em que se aposentarem, pintar, aprender música, enfim, não é depois que se aposenta que a gente ainda deve pensar no que fazer, que aí é quando às vezes começa a sofrer de depressão”.
A sua transição para a aposentadoria foi simples?
Nos primeiros 15 dias eu acordava naquele horário que tinha levantar quando ia para o trabalho, e então eu dava aquele salto da cama, mas daí eu lembrava que estava aposentada. O nosso organismo é como um relógio, que já está programado pra você acordar pra fazer tudo o que devemos fazer, tem horário pra almoçar e tem horário pra voltar ao trabalho, ou seja, você é regido pelo relógio o tempo inteiro.
No início a gente às vezes estranha, e também sentimos mais saudade dos amigos, porque eles trabalhavam com você todos os dias. Você não tem mais a presença daqueles seus amigos. No TRT a gente costumava dizer que éramos todos uma família, e às vezes acontece do aposentado imaginar que ao sair estará perdendo uma parte da sua família. Com a aposentadoria vêm a quebra do contato diário e o distanciamento, mas aí você começa a conviver mais com a sua família biológica, vai substituir a companhia dos colegas de trabalho pelos filhos, pelo marido, pelos irmãos, pelos parentes, que antes a gente muitas vezes ficava distante. Não se trata de esquecer das amizades que você fez enquanto trabalhava, a gente nunca esquece deles, apenas não tem mais aquela convivência diária. Então, aposentadoria é isso, você fixa novos objetivos e vai trabalhando o seu psicológico.
O que fazia na vida antes de ingressar na carreira de Servidora do Judiciário Federal, e o que fazia no TRT?
Fui Servidora do TRT23 por 20 anos. Também fui professora e auxiliar de enfermagem em São Paulo, minha cidade natal. Vim para Cuiabá em 1980, onde também foi professora, de 1981 a 1997. O motivo da transferência é que me casei, e meu marido morava aqui. Entrei para o TRT em 1995, como Técnica Judiciária na modalidade de enfermagem. Trabalhava, portanto, na seção de saúde. Participei de muitas campanhas informativas sobre saúde no Tribunal. Durante muito tempo o meu trabalho foi este, fazer campanhas de saúde voltadas para os Servidores.
Luiz Perlato/SINDIJUFE-MT